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Motivado, Piá quer dar a volta por cima, agora como técnico

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Por Edmar Ferreira

Um técnico motivado e cheio de vontade de vencer. Esse é Reginaldo Rivelino Jandoso, ou simplesmente Piá. Polêmico, mas muito sincero em tudo aquilo que faz, o novo treinador do Independente abriu seu coração em entrevista exclusiva a Gazeta de Limeira, exatamente no último dia de 2016.

Piá contou como chegou ao Pradão, o que encontrou, como foi efetivado como técnico também do profissional, seus planos para a Série A-3, a comissão técnica experiente que montou e o que pretende fazer para reaproximar o alvinegro dos torcedores e, principalmente da imprensa.

Também fala de sua estreia como treinador, que será na próxima terça-feira, contra o Botafogo, na abertura da Copa São Paulo de Juniores.

Piá está encarando esse desafio como a grande oportunidade de sua carreira. Seu objetivo é treinar uma grande equipe do futebol brasileiro no futuro, mas para isso, precisa deixar uma boa impressão na Série A-3.

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Gazeta – Como você chegou ao Independente?
Piá – Quando eu estava preso, o Dr Anivaldo dos Anjos, que é advogado, me ofereceu ajuda. Nossa amizade começou ali. Ele me disse que as portas do Pradão estariam abertas no momento em que eu deixasse a prisão. Isso me animou, pois eu tinha o sonho de ser técnico. Já tinha trabalhado na base do União São João e fui auxiliar do profissional. Como o União fechou as suas portas infelizmente, fiquei sem clube.

Gazeta – O que viu quando chegou ao Pradão?
Piá – Fui contratado para ser o segundo auxiliar-técnico do Fernando Alves no Sub-20, abaixo do Douglas. Confesso, vi muita coisa errada. O amadorismo imperava no Pradão. Sou do futebol e passei por inúmeras equipes, todas elas profissionais. O Independente estava no caminho completamente errado. Comando dos dois times, regras no clube, logística, bilheteria, enfim, tudo a cargo de uma única pessoa. Um absurdo. Um grave erro. Outra coisa, o Sub-20 parecia que não fazia parte do profissional. Eram dois times distintos. Isso não existe. Os dois têm que caminhar juntos. O Sub-20 é o profissional de amanhã. Comigo será assim.

Gazeta – Você bateu de frente com a diretoria?
Piá – Essa não é a palavra certa. Apenas mostrei o caminho correto e apontei os erros. Claro que quando há mudanças, existem muitos atritos. Não foi diferente aqui. No fim, o Fernando Alves deixou o Independente e acabei assumindo o profissional também. Era o que eu queria. Consegui, aos poucos, arrumar as coisas erradas que estavam atrapalhando o andamento do clube. Tem muita coisa para fazer ainda. Outra coisa, notei que o Independente está distante da cidade. Senti falta de apoio. Não quero isso. O clube precisa do torcedor por perto e principalmente da imprensa. Comigo não tem esse negócio de picuínha. O passado já foi e com ele as confusões que fiquei sabendo. O nosso sucesso só virá se todos caminharem na mesma direção. Farei esse elo. Comigo será diferente.

Gazeta – Você participou da formação deste time da Copa São Paulo de Juniores?
Piá – Não 100%. Trouxe apenas cinco jogadores. Seis atletas já faziam parte do elenco e outros foram aprovados em testes. Mas estou tranquilo. Tenho um bom time nas mãos e estou confiante, apesar da dificuldade da competição e dos adversários que enfrentaremos.

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Gazeta – O que você achou do grupo do Independente?
Piá – Geralmente na Copa São Paulo de Juniores todo grupo tem um time desconhecido, que acaba virando saco de pancadas. O nosso grupo não tem isso. O Botafogo já foi vice-campeão diante do Corinthians. O Rio Branco sempre se destacou pela categoria de base forte e o Fortaleza é o time grande do grupo. Não será nada fácil. Temos que estar focados 100%.

Gazeta – Estrear contra o Botafogo te assusta?
Piá – É o adversário que eu menos queria estrear. Mas uma hora ou outra teríamos que enfrentá-lo. Não podemos ter medo. E aí que eu tenho certeza que a nossa torcida poderá fazer a diferença, nos ajudando, afinal de contas, desde 2004 o Independente não sedia a Copa São Paulo. O trabalho foi bem feito até aqui. Não podemos reclamar da falta de tempo.

Gazeta – Pelo novo regulamento dois times avançam para a segunda fase. Isso motivou seu elenco?
Piá – Com certeza, até porque iniciamos o nosso trabalho tendo a consciência que apenas o campeão do grupo avançaria. Trabalhei muito a parte psicológica dos atletas para isso. De repente vem a confirmação de duas vagas. Isso foi um grande presente de Natal para nós. Claro que todos ficaram felizes, pois as chances aumentaram consideravelmente. Mas volto a frisar, o nosso grupo é muito forte.

Gazeta – Quem você destaca deste time de juniores do Galo?
Piá – Temos jogadores promissores aqui. O lateral João Victor por exemplo, jogou a Copa Paulista pelo profissional do Independente e foi muito bem. O mesmo acontece com o meia Pedro Henrique, que está preparado inclusive para me ajudar na A-3. Tem o meia Pedrinho que estava nos EUA. O atacante Matheus é muito rápido. Sem contar o Denis Nunes. Esse eu vi jogando em Campinas e trouxe para meu time. Me agrada demais.

Gazeta – Você está ansioso para estrear como técnico?
Piá – Sempre a gente fica, mas confesso, estou tranquilo. De verdade. Tivemos um bom tempo para trabalhar. Comandei o Independente na Copa Integração em Águas de Lindóia. Com o mesmo time que ficou em penúltimo lugar no Campeonato Paulista Sub-20, vencemos XV de Piracicaba, Comercial e Capivariano. Passamos em primeiro lugar na fase de classificação e fomos eliminados no mata-mata para o Guarani, ainda por cima perdendo um pênalti. Finalizamos 23 vezes contra o Guarani e sofremos quatro finalizações, uma delas que resultou no gol que nos tirou. Essa competição me animou. Senti que os meninos querem vencer no futebol e a Copa São Paulo é uma grande vitrine.

Gazeta – Voltando ao profissional, sua ligação com a Ponte Preta não pode render uma futura parceria ao Independente?
Piá – Todos sabem que tenho muita moral na Ponte Preta. Conversei com o Guga, que é o gerente de futebol da Macaca e praticamente selamos um acordo. Os destaques do Independente serão pinçados pela Ponte. Em contra-partida, podemos sim receber alguns atletas do Sub-20, que seriam pagos pelo time campineiro, sem gastos ao Independente. Assisti algumas partidas da Ponte este ano e vi jogadores interessantes, que nos seriam bastante úteis. Estamos conversando.

Gazeta – Você terá um auxiliar-técnico que jogou com você no Santos?
Piá – Exatamente. É o ararense Alexandre Alves, meia que começou no União São João e passou por Santos, São Paulo e Atlético/MG. Jogamos juntos no Peixe. Fizemos uma amizade muito forte no futebol. Quando paramos, passamos a jogar no máster. Eu precisava de uma pessoa de confiança ao meu lado, que conhecesse de futebol tanto quanto eu. Fiquei feliz que conseguimos fechar com ele.

Gazeta – Você montou uma comissão técnica experiente?
Piá – Esse foi o primeiro passo que dei. Queria profissionais experientes, com bagagem no esporte. O preparador físico é o Cosmi, um excelente profissional com passagens por vários clubes. O preparador de goleiros é o Luis Henrique, o Pinóquio, que dispensa comentários. Foi goleiro até da Seleção Brasileira. Sobre o Alexandre Alves eu já comentei acima. Enfim, quero uma comissão técnica vencedora, de alto nível, para fazer meu time realmente voar na A-3.

Gazeta – O que você fará de diferente do Jamelli?
Piá – Não acompanhei o Independente na Série A-2. Só ouvi falar sobre o que aconteceu. Posso falar por mim. Quero um time com a cara da Série A-3. Vou contar com jogadores da divisão, que se entreguem em campo. Que coloque a cara para o adversário chutar. Quero um time guerreiro, que tenha identificação com o torcedor.

Gazeta – Qual será o seu estilo como técnico?
Piá – Trabalhei com técnicos renomados como Abel Braga, Nelsinho Baptista, Celso Teixeira e Vanderlei Luxemburgo. Todos eles têm algo em comum: a disciplina. Sei que fui indisciplinado e que só me prejudiquei. Mas tudo começou lá embaixo. Não tive ninguém para me corrigir. Me sentia o máximo. O melhor exemplo sou eu mesmo. Falo sempre isso para os meus jogadores. É por isso que vou cobrá-los mesmo. Serei rígido ao extremo. Não quero que eles sejam iguais a mim. Dentro de campo seria uma boa (riu). Não quero que eles cometam os mesmos erros que cometi. Não vou passar a mão na cabeça de ninguém. O futebol de hoje só aceita profissionais na percepção da palavra.

Gazeta – Você gostou de saber que o dérbi será no Pradão?
Piá – Claro. Jogar em casa é sempre bom. O Independente tem um bom histórico contra a Inter em dérbis. Basta lembrar que o acesso foi contra o Leão aqui, em 2014. Essa partida é especial, é diferente e mexe com a cidade. É um campeonato a parte. Pode reparar, o dérbi sempre é decidido nos detalhes.

Gazeta – Qual o esquema tático que mais lhe agrada?
Piá – Como buscarei a vitória em todas as partidas, seja dentro ou fora de casa, colocarei em campo quase sempre o 4-3-3, com dois volantes fortes na marcação, um meia que coordenará todas as jogadas e esse jogador é o Leandro Xavier, ex-Cruzeiro e Corinthians e três homens rápidos na frente. Hoje conto com três atacantes que primam pela velocidade, que são o Maicon, ex-Rio Claro, o Batata, ex-Brasília e o Fumaça, ex-Coritiba. As defesas adversárias terão trabalho com meu ataque.

Gazeta – E os jogadores que ficaram?
Piá – Contamos com dois jogadores experientes, que vão nos ajudar muito na A-3. O Denner Gaúcho tem uma identificação com o torcedor e sempre foi um líder da defesa galista. Já o Fabiano é um volante forte, que tem um bom passe e se coloca bem em campo. Vejo que os dois estão motivados para esse novo Paulista e isso me agrada.

Gazeta – O que o torcedor pode esperar do Independente na A-3?
Piá – Um time guerreiro, intenso, corajoso e bem preparado. O torcedor verá uma equipe que morderá o tempo todo e que não vai desistir, ou seja, vai almejar a vitória, seja dentro ou fora de casa. O dia que perdermos uma partida, o torcedor verá que foi porque o adversário é superior e não porque deixamos de lutar.

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