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Xodó da torcida leonina, Vinícius Pedalada tem uma linda história de vida

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Por Edmar Ferreira

Uma pessoa iluminada e que tem a família em primeiro plano. Um jogador dedicado, determinado e muito querido por onde passa. Não há adjetivos para Vinícius Pedalada, o grande xodó da torcida da Internacional.

O lateral está vivendo uma semana diferente, afinal de contas, após 49 jogos, enfim pode comemorar seu primeiro gol pelo Leão. E que gol importante, o da vitória sobre a Portuguesa por 2 a 1, aos 41 minutos do segundo tempo pela terceira rodada da Série A-2. Ganhou também o troféu de melhor em campo pela Rádio Educadora 1020 AM.

Curiosamente, todo mundo esperava por um gol de falta, sua especialidade, mas foi de cabeça.

“A pergunta que mais eu ouvi após o jogo foi o que eu estava fazendo na pequena área. Não sei”, sorriu. “Tinha certeza que meu primeiro gol pela Inter seria de falta, mas os goleiros não deixavam. O Tadeu, da Ferroviária e o Matheus, do XV por exemplo, conseguiram evitar com verdadeiros milagres na Copa Paulista. O próprio Juninho, do Batatais, no sábado, salvando com os pés. O da Portuguesa foi surpreendido com meu cabeceio”, disse com seu tradicional sorriso.

Quem vê Vinícius Pedalada jogando bem e distribuindo sorrisos no Major Levy, não tem ideia do que ele passou na carreira. Só para começar, foram cinco cirurgias no joelho direito, que o atrapalharam demais.

Inter x Portuguesa MR 24-01-18 13

Família

Nascido em Limeira no dia 23/08/1990, Vinícius Henrique de Oliveira passou a infância no bairro Nossa Senhora das Dores.

Filho de Rinaldo de Oliveira e de Solange Aparecida Marciano de Oliveira, o lateral enche os olhos de lágrimas quando fala dos dois.

“Difícil resumir o que eles representam para mim. Minha mãe sempre foi uma guerreira, que tem um sexto sentido apurado. Sabe quando eu preciso de ajuda, sem ao menos eu pedir. Meu pai é meu ídolo, meu tudo. Um homem que dedicou a vida à nossa família. Uma pessoa abençoada. Um exemplo a ser seguido. E que bom que dediquei o gol pelo seu aniversário, no sábado”, disse, chorando.

A ligação de Vinícius Pedalada com a família chega a comover. “Sou 100% família”. Os irmãos Eduardo Augusto de Oliveira, de apenas 10 anos e Gabriela Oliveira, de 24, são muito unidos e torcem demais pelo sucesso do jogador.

Outra pessoa que tem um papel fundamental na vida de Vinícius Pedalada é a esposa Jéssica Rayane Soares de Oliveira. A feliz união, que dura quase dez anos, teve como frutos duas meninas lindas, as chamadas grudes do papai: Júlia de 5 anos e Maria Eduarda de 3. “Deus foi muito generoso comigo. Me deu uma família maravilhosa”, destacou.

 

familia vinicius

Quando marcou o gol contra a Portuguesa, Vinícius foi em direção aos seus familiares na cativa e se ajoelhou, agradecendo todo o apoio. “Fiquei tão emocionado, que quase nem consegui falar direito na rádio”.

Início

Vinícius começou a jogar futebol no campinho de areia com o professor Léo no Estudantes. Depois foi para o Metalúrgicos, onde foi lapidado pelos professores Laudenir Lopes, Pedro Lopes e Marcelo Gomes.

Das mãos de Dawton, no Aquárius, o lateral pode chegar as categorias de base da Inter de Limeira, onde jogou pelo Sub-17.

Betão Alcântara foi outra peça chave na vida de Vinícius. O treinador comandou o lateral no América de São José do Rio Preto durante a Copa São Paulo de Juniores de 2009. “Joguei com o Lucas Lima e o Ricardo. Logo em seguida o Betão veio para Inter e trouxe a gente para o Sub-20”, lembrou.

Mas o limeirense não teve uma sequência na Internacional. Em 2010, trocou a Segundona do Paulista pela Segundona da Alemanha. “Joguei seis meses no time Sub-23 do Fortuna. O meu treinador me indicou para o Veternik, da Segunda Divisão da Sérvia. Era um time semiprofissional. Depois fui para a Bósnia jogar a Primeirona”, relatou.

Mas o grande problema desta temporada de 2010 era a enorme saudade da família. “Não conseguia me concentrar direito. Meu irmão era pequeno. Queria meus pais ao lado. Decidi voltar ao Brasil”.
Sem um time para jogar, Pedalada virou peão de obras do Shopping Center. “Não sabia nem o que era uma morsa. Todos riam de mim”, confidenciou.

Em 2011, Vinícius aceitou a proposta do Assisense, da Segunda Divisão, e lá se profissionalizou. Um de seus parceiros era o também limeirense Joábson, irmão do atacante Joanderson Assis, o Tatá, do Inter/RS.

Mas o lateral passou por um momento muito difícil. “Não tínhamos o que comer em Assis. Era arroz, água e açucar. Minha mãe não sabia e achava que estava tudo bem comigo. Mas via uma angústia nela. Parecia que o coração de mãe estava alertando que algo estava errado. Ela começou me pedir para voltar para Limeira”, frisou.

Mas as empresas Marilan e Mariflex assumiram o Assisense. Cerca de 90% do elenco foi dispensado, mas Pedalada permaneceu. “Eu era o capitão do time. Fazia gol quase todo jogo. Até olímpico marquei. A situação melhorou muito”, lembrou.

Olheiro

A vida do limeirense começou a mudar em um simples amistoso contra o Marília. “Fui bem demais e uns empresários da BMG gostaram de mim. Passei a ser monitorado. Curiosamente, o Guilherme Alves, hoje técnico da Portuguesa, me levou para o Atlético/MG, com um contrato de três anos. E agora eu faço um gol justamente em cima do time dele”, sorriu.

Mas o lateral não teve chance no Galo Mineiro. “Como minha filha Julia tinha acabado de nascer, eles me emprestaram para o Independente para jogar a Copa Paulista de 2012, com o técnico Wagner dos Anjos. Depois rodei por outros times. Joguei no Corinthians de Alagoas e no São Paulo/RS, com os também limeirenses Nata e Murilo Rangel”, lembrou.

Em 2014, Vinícius Pedalada foi reintegrado ao Atlético/MG pelo técnico Levir Culpi e passou a treinar com o elenco. Teve até seu contrato prolongado por mais um ano. Estava no grupo que foi campeão da Copa do Brasil em cima do Cruzeiro, porém não teve uma única oportunidade sequer.

Pelo XV de Piracicaba, o limeirense fez partidas memoráveis e virou um dos ídolos da torcida, por sua entrega em campo. “Tenho muito carinho pelo time piracicabano. Uma passagem importante na minha carreira”, elogiou.

Quando seu contrato venceu, Vinícius ficou sem clube. Passou a disputar o Campeonato Amador de Limeira. Vestiu as camisas de Seringueira Kahel, Rio Negro, Serrano, Nova Itália e Santo Antônio.

eraldo

“Foi o técnico Eraldo Bachin que me convidou para disputar o Amador. O Novinha é o time que torço e no Santo Antônio fui campeão regional jogando ao lado de grandes feras, como Neguitão, Caio e Nenê. Sou muito grato à essas equipes, que abriram as portas para mim e me trataram bem demais”, comentou.

Foi em uma Copa Gazeta que o narrador esportivo Edmar Ferreira lhe deu o apelido de Pedalada. “E pegou. Eu pedalava demais para cima dos marcadores e logo o Edmar passou a me chamar de Vinícius Pedalada. Disse até que eu era o novo Daniel Alves. Até nas transmissões de tv, como no Fox Sports por exemplo, os narradores falam que lá vem o Pedalada. Adotei como sobrenome”, contou.

Na Inter

vinicius pedalada 2

Em 2016, o empresário Luizinho, da Casa Soccer de Piracicaba, o indicou para a Internacional. O jogador disputou a Série A-3 em um ano bem complicado. “Brigamos o campeonato inteiro para não cair. Cheguei a ser xingado injustamente por alguns torcedores. Isso me entristeceu bastante. Cheguei a pensar em abandonar inclusive o futebol”, confidenciou.

Como a Inter escapou da degola para a última divisão, o lateral ganhou motivação. Antes de renovar por mais uma temporada com o Leão, recebeu um telefonema do técnico Piá, o convidando para jogar no Independente.

“Tinha conversado no Galo, até porque ninguém da Inter tinha me procurado para renovar. Mas bastou uma ligação do professor João Vallim para eu topar na hora seguir no Leão”, disse.

Vinícius, de 1m71 e 78 kg, está impressionado com a evolução da Internacional em todos os setores. “Não tem nem comparação com 2016. Hoje aqui tudo é profissional. Estamos com cara de time grande. E quando tudo está estruturado, os resultados vêm no campo”, destacou.

Como todo jogador que se prese, o lateral sonha alto, mesmo com 28 anos.

“Em um grande time eu estou. Subimos para a A-2 e vamos jogar uma Copa do Brasil. Quero estar em um time gigante, ou quem sabe até voltar para a Europa para ter condição de dar uma vida melhor aos meus familiares. Tenho muita vontade e muita força física. Entrego meu futuro nas mãos de Deus”, completou o jogador, que do atual elenco é o mais querido pela torcida.

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