Por Edmar Ferreira
Uma história de vida impressionante, que poderia muito bem se tornar um roteiro de filme. Rodrigo Paraná é um exemplo de que nunca devemos desistir, em hipótese nenhuma.
Em sua participação na Segunda Esportiva da TV Jornal, o atacante da Internacional literalmente abriu seu coração e deixou todos os telespectadores emocionados.
Contou que foi criado pelos avós e que quando eles morreram, sua mãe, na época viciada em drogas, o expulsou de casa. “Tinha apenas 12 anos. Lembro como se fosse hoje. Peguei uma caixa de papelão, juntei algumas peças de roupas e fui morar em um barraco com meus primos”, confidenciou.
Rodrigo Paraná disse que usou banners de campanhas políticas para fazer as portas e ter uma proteção maior no barraco. “Fiz tudo errado. Fiz o chamado gato para ter água e energia”, frisou. Foi então que as drogas também entraram em sua vida, culpa das más companhias. “Fui viciado dos 13 aos 19 anos e conheci de perto a criminalidade. Graças a Deus consegui me livrar disso”, afirmou.
Rio Claro
Foi no Rio Claro FC que sua vida deu a primeira guinada. Rápido e goleador, rapidamente Rodrigo Santos caiu no agrado da torcida e foi fundamental para o acesso do Azulão para a primeira divisão.
Propostas começaram a surgir de todos os lados. Os grandes de São Paulo o queriam, mas no fim, nada deu certo e o atacante foi parar na segunda divisão do Campeonato Catarinense.
Rodrigo Paraná contou que ficou “decepcionado” com Deus e passou a questionar o motivo pelo qual sua vida tinha tido um retrocesso. Voltou a consumir drogas, seu futebol caiu assustadoramente (foram 15 jogos e um gol) e ele pensou até em suicídio.
Em um culto com sua esposa, ouviu do pastor que Deus tinha um propósito para sua vida e que ele brilharia “longe daqui e em um curto espaço de tempo”.
Na mesma noite, Rodrigo Paraná começou a enviar mensagens para os amigos do futebol. Mas ninguém respondia. O atacante, que estava desempregado, achou que perderia o segundo semestre daquele ano.
Foi então que o jogador lembrou do técnico Edson Vieira, que estava no São Bento. “Ele sempre me convidava para jogar em suas equipes e eu nunca aceitava. Mandei uma mensagem e foi ele que me salvou”, frisou.
São Bento
Vieira abriu as portas do São Bento. Logo em sua estreia, Rodrigo Paraná marcou dois gols. Sua ascensão na equipe foi meteórica. Empresários coreanos, que estavam de olho em outro jogador do time de Sorocaba, ficaram impressionados com o atacante e fizeram uma proposta tentadora. “Quando vi os números no papel minha mão começou a tremer. Não via a hora de assinar o contrato. Pega logo essa caneta”, sorriu.
Rodrigo Paraná estreou com gol na Coreia. A cada bola na rede, recebia cerca de mil dólares. Assistência também lhe rendia um bom dinheiro. Vitórias seguidas o bicho dobrava. “Fiz meu pé de meia. Foram quase 50 gols por lá”, lembrou. Jogou também na Tailândia.
Reencontro com a mãe
Em seu retorno ao Brasil, a primeira coisa que fez foi comprar uma casa para sua mãe. “Deixei a mágoa de lado. Apesar de ser abandonado, ela sempre será a minha mãe”, disse emocionado.
Mas o atacante confirmou que ainda encontra problemas com seus familiares. “Eu gostaria que minha mãe e meus irmãos aceitassem um tratamento em uma clínica. Eu faria questão de arcar com as despesas. Mas parece que eles não querem. Gostam de viver desta forma. Então não tem mais o que fazer a não ser orar e pedir a Deus que mostre o melhor caminho à eles”, completou.

Rodrigo vem trabalhando muito na Internacional. Nas oportunidades que teve nesta Série A-2, infelizmente falhou. Foram três bolas na trave e duas oportunidades incríveis desperdiçadas.
Chateado, mas não abalado, Paraná não vê a hora de marcar um gol pela Internacional.
Ele espera ser decisivo nesta reta final, claro, se tiver uma nova chance com João Vallim. “Desde o dia em que cheguei ao Limeirão disse que a Inter seria campeã. Falo isso para o presidente Celso Potechi sempre que o encontro. Podem acreditar em mim. Nosso grupo vai chegar”, frisou.
Casado e pai do pequeno Davi, Rodrigo Santos emociona as pessoas que estão ao seu redor. A palavra “Deus” está sempre em suas frases. Ele agradece pela vida que tem e por conseguir superar todos esses problemas. “Se existem guerreiros nessa vida, acredito que sou um deles”, disse com os olhos cheio de lágrimas.
Apresentado pelo Dr Roberto Lucato, a Segunda Esportiva contou ainda com os cativos Edmar Ferreira, Roberto Martins, Denis Suidedos e César Roberto.
