Por Edmar Ferreira
Ginásio cheio e uma exibição de gala. Limeira viveu uma sexta-feira diferente com a visita do Rei do Futsal.
Falcão e seus amigos enfrentaram o GF Brutos em uma partida no Poliesportivo do Nosso Clube.
O sucesso foi tanto, que todos os ingressos foram vendidos antecipadamente.
O placar pouco importa, mas a equipe de Falcão levou a melhor, vencendo por 14 a 10.
Sete gols foram do craque, alguns antológicos. Seu último por exemplo, foi de bicicleta.
Os outros sete de sua equipe foram marcados por Adonias, Eric Nogueira, Zóio, Felipe Campos, Naldinho, Gilcimar Jr e Santiago Perez. Para o GF Brutos balançaram a rede Samurai (4), Dieguinho (2), Eduardo, Janderson, Dedê e Henrique (filho do empresário Agnaldo Freitas).
Como foi para você proporcionar um dos maiores eventos esportivos de Limeira?
Estou realizado. Quando um jogador de futebol para de jogar, ele perde a visibilidade e comigo está sendo diferente. Parei de jogar em dezembro e tinha planos ainda. Porém, estou superando as expectativas com esses eventos.
Se soubesse que seria assim, teria parado bem antes. Até o final do ano devo rodar o Brasil e visitar mais de 15 países. Quero me divertir e estava precisando disso. É bem diferente do profissional, quando você precisa se concentrar e passar por preleções. Tem hora que cansa. Confesso, estava no meu limite. Viajar, conhecer lugares, receber o carinho de todo mundo e ainda por cima me divertir, isso não tem preço que pague.
Como é ser considerado o maior ídolo do futsal?
É muito gratificante. Consegui fazer o futsal ter visibilidade no mundo inteiro. Consegui mudar o patamar do meu esporte e ter essa aceitação com o público. Quando algum jogador de futebol de campo para de jogar por exemplo, ele passa a ser apenas mais um.
Veja o caso do Rivaldo, craque do Barcelona e campeão com a seleção brasileira. Caiu no esquecimento. No meu caso, quando se fala em futsal o primeiro nome que vem na cabeça de todos é o de Falcão.
É por isso que minha responsabilidade é grande. Veja quantas crianças querem tirar foto comigo. Os pais querem que seus filhos me tenham como exemplo, como espelho.
Sempre digo que quero ser como pessoa o que fui como jogador. Minha carreira foi vitoriosa e eu sempre plantei o bem. Acredito que esse seja o grande segredo desse sucesso.
Como você conseguiu jogar em alto rendimento por 20 anos?
Eu sempre me cobrei demais. Não deixava meu rendimento cair de jeito nenhum. Muitos atletas ficam de três a quatro no auge e depois deixam cair. Veja o caso do Cristiano Ronaldo e do Messi. Eles sempre querem mais. São os dois maiores jogadores de futebol do mundo, além do Pelé.
Na minha carreira eu sempre quis ser o melhor. Mesmo com a idade chegando, eu queria provar que eu merecia estar lá. Transformei minha carreira em números e títulos. Foram mais de três mil gols, sendo 401 pela seleção brasileira. O segundo é o Manoel Tobias, que também é um monstro, mas tem apenas 267.
Conquistei 104 títulos e fui eleito o melhor do mundo várias vezes. O mais legal é que têm pessoas de todas as idades que me acompanham, dos 10 aos 60 anos.
Você também é um fenômeno nas redes sociais?
Graças a Deus tenho milhões de seguidores. Para você ter uma ideia, sou o quinto atleta mais buscado no YouTube. Estive no Líbano no ano passado e confesso, me assustei. O aeroporto estava lotado para me receber. O evento foi uma loucura.
Na Indonésia fizeram uma pesquisa sobre qual jogador eles queriam receber no país. Ganhei disparado, bem a frente de Cristiano Ronaldo e Messi. E nunca estive na Indonésia. É o segundo país que mais me segue nas redes sociais.
A gente acaba não tendo noção de onde podemos chegar. Muitos não conhecem o futsal, mas conhecem o Falcão. No mês que vem vou a Dubai. Vou quatro vezes por ano naquele país. Tudo isso me deixa feliz e realizado.
O Brasil terá um novo Falcão?
Não tem como saber, mas acho improvável. Veja o caso de Gustavo Kuerten, Ayrton Senna e Pelé. Não surgiram novos fenômenos destas modalidades. Pode até aparecer um jogador que faça dois gols em uma final, mas no jogo seguinte ele não fará nada.
Veja por exemplo as coberturas do futsal. Com a minha aposentadoria, as emissoras que acompanhavam os jogos quando eu atuava não querem renovar. Os canais fechados perderam 50% de patrocínio. Isso me entristece. Mas no meu caso, estou colhendo os frutos com essas partidas pelo mundo todo.
Digo sempre, não é só jogar bem. É legal você atender bem a imprensa, interagir com os fãs e dar atenção ao público. O que me ajuda também é que em 20 anos de carreira, em nenhum deles eu passei sem pelo menos um título.
Transformei meu jogo bonito em números, caso contrário, ficaria marcado como um jogador malabarista. Consegui trazer a diversão da pelada com amigos para uma final de Copa do Mundo. Esses lances que faço nos meus jogos-exibições, fazia também em jogos decisivos pela seleção. Talvez esse tenha sido o diferencial da minha carreira.
Deixe uma mensagem aos limeirenses
Gostaria de agradecer à todos que se empenharam em fazer com que esse evento fosse o sucesso que foi. Ao amigo Lê Franco que virou um grande parceiro. Aos patrocinadores, em especial Wilson da Realen e Agnaldo Freitas, do GF Brutos. Ao público que esgotou os ingressos. A vocês da imprensa pelo carinho. Espero voltar a Limeira o quanto antes. Me senti muito bem nessa cidade, que tive o prazer de visitar pela primeira vez.
*** Fotos – Wagner Morente