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Lateral Cicinho emociona iracemapolenses com testemunho de vida

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Por João Vitor Fedato

A Comunidade Ágape Missões Urbanas de Iracemápolis, recebeu, na noite de quarta-feira, a ilustre presença do lateral direito Cicinho.

O atleta, que atualmente está sem clube, fez um testemunho para cerca de 70 pessoas sobre a transformação que passou em sua vida pessoal através do evangelho. Após o encontro, ele falou com exclusividade para nossa reportagem.

Revelado pelo Botafogo de Ribeirão Preto, Cicinho se destacou no cenário do futebol brasileiro no início dos anos 2000, atuando pelo Atlético/MG.

Com apresentações que o credenciaram como um dos principais jogadores da posição, chegou ao São Paulo em 2004. Mas foi no ano seguinte que o moço de Pradópolis viveu aquele que talvez tenha sido seu melhor momento no futebol.

 

 

São Paulo

Pelo tricolor, conquistou o Campeonato Paulista, a Libertadores e o Mundial de Clubes em cima do poderoso Liverpool.

“Cheguei ao São Paulo sob muita pressão. O que se comentava é que desde o Cafu não se tinha um lateral à altura da equipe. Mas Deus me abençoou, pude conquistar títulos e ficar marcado na história do clube que hoje levo no meu coração”.

Torcedor declarado do São Paulo, Cicinho se mostrou atento a tudo que acontece pelos lados do Morumbi, principalmente com a chegada de Rogério Ceni ao comando técnico da equipe.

“O Rogério sempre foi um líder nato. Além disso, ele tinha um diferencial. Toda véspera de jogo ele passava aos jogadores uma análise do adversário. Ele sabia diferenciar bem a questão de comandar sem ultrapassar a barreira do técnico, mas ali já se percebia que ele tinha talento para comandar um grupo”, falou com entusiasmo do amigo.

Seleção Brasileira

Com números que impressionavam, não demorou para chamar a atenção de Carlos Alberto Parreira, técnico da Seleção, que o convocou para a Copa das Confederações, disputada na Alemanha.

Poupando alguns dos principais nomes daquele elenco, entre eles o capitão Cafu, estava lançada a sorte a Cicinho. Bastante participativo nas jogadas ofensivas do selecionado canarinho, foi peça fundamental para a conquista da competição.

Na final, inclusive, participou de todas os gols, um 4 a 1 frente a Argentina, inesquecível ao torcedor. “Não tenho dúvidas que foi ali que garanti a vaga para a Copa de 2006. Porém, minha sequência na seleção não foi legal, pois vivia na ilusão por todo este status que eu mesmo me coloquei”.

Já no mundial, a equipe de Parreira não teve a mesma sorte, e foi eliminada pela França por 1 a 0, nas quartas de final.

 

 

Bola de Prata

Eleito Bola de Prata pela Revista Placar ao fim daquele ano memorável, veio o convite de uma equipe que na época era chamada de “Galáctica”. O destino do rapaz humilde do interior paulista seria o Real Madrid.

Ao lado de grandes craques do futebol mundial, entre eles Ronaldo, Roberto Carlos, Beckham, Raúl, conquistou o Campeonato Espanhol na temporada 2006/2007.

“Pelas minhas conquistas no São Paulo, cheguei à Espanha com status de craque. Porém, com tudo que cerca o futebol, penso hoje que não me preparei da forma adequada para viver num mundo tão badalado como foi na Espanha”.

Mudança

A vida de Cicinho, segundo conta o próprio jogador, mudaria totalmente a partir de sua chegada a Roma, em 2007. Porém, isso demorou um tempo. Encantado com a capital italiana, o jogador se entregou de vez ao chamado lado “B” do futebol.

Baladas, desejo incontrolável pelo álcool e cigarro o fizeram se afastar do bem mais preciso do ser humano, a família. “Eu não sabia o que era ser marido, nem pai. Não era um bom exemplo. Fiquei dois anos sem falar com meus pais, pois não queria entender que eu estava errado”.

No meio dessa turbulência pessoal, seu futebol já não era o mesmo. Foi emprestado ao São Paulo em 2010, mas as seguidas lesões não fizeram o torcedor tricolor rever aquele Cicinho vencedor.

Voltou ao Roma e foi novamente emprestado, desta vez para o Sport. Com o time pernambucano foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro. Foi aí que o lateral acordou para a vida. Converteu-se, passou a seguir a palavra de Deus e foi, como ele mesmo gosta de dizer, se transformando.

“Eu não tinha outra escolha. Ou mudava radicalmente ou iria perder tudo que havia construído. Voltei ao seio da minha família, hoje tenho uma esposa que está comigo nessa caminhada e tenho certeza que meus filhos se orgulham do pai”.

Procura time

Após jogar três temporadas na Turquia, Cicinho ainda busca uma equipe para atuar. Enquanto isso não acontece, visita igrejas evangélicas para testemunhar tudo o que viveu no futebol. Tem em andamento um projeto social em São Luís de Montes Belos, cidade do interior de Goiás, terra Natal de sua esposa.

“Meu objetivo é mostrar para as pessoas, principalmente as que vivem do esporte, que elas precisam estar preparadas para a vida quando as oportunidades aparecerem. Assim, não cometerão os mesmos erros que cometi”.

*** Foto – Fernando Carvalho

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